Embora
tenha reconhecido que a greve é justa e legítima, a audiência pública
sobre a situação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
(Uern), ontem à tarde, na Assembleia Legislativa, terminou sem acordo.
Mas, conseguiu o mérito de retomar o diálogo entre servidores e Governo
do Estado, que ficou de apresentar proposta segunda-feira (25).
Foi
marcada uma audiência entre o Comando de Greve, formado por
representantes dos servidores, técnicos-administrativos e estudantes, em
Natal, em horário a ser acertado. A expectativa é que o Governo do
Estado diga quando pretende pagar o reajuste de 10,65%, previsto para
abril deste ano, conforme acordado em setembro de 2011.
A
audiência pública contou com a participação da deputada federal Fátima
Bezerra (PT); deputados estaduais Larissa Rosado (PSB), Gustavo
Fernandes (PMDB) e Fernando Mineiro (PT); procurador-geral do Estado,
Miguel Josino; secretário de Administração e dos Recursos Humanos, Álber
Nóbrega; pró-reitor de Planejamento e Finanças da Uern, Severino Neto.
Também participaram o presidente da Aduern, Flaubert Torquato;
presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE), Saulo Spinelly, e a
presidenta do Sindicato dos Servidores Técnicos Administrativos
(Sintauern), Rita de Cássia Vidal, que reforçaram a legitimidade do
movimento devido a descumprimento de acordo salarial.
Os
sindicalistas lembraram que para encerrar a greve de 2011, que durou 106
dias, os servidores aceitaram parcelar o reajuste de 27% em três anos,
sendo a primeira parcela, de 10,65%, acordada para abril deste ano. Como
o Governo não pagou nem deu previsão, professores e técnicos
deflagraram a greve no último dia 3 de maio.
Eles transferiram
para o Governo do Estado a responsabilidade da paralisação. "Quem tem
obrigação de encontrar uma solução é o governo. A crise não é da Uern, é
do governo. O nosso desejo é encontrar uma saída, mas está faltando
diálogo", afirmou o presidente da Aduern, Flaubert Torquato, lembrando
que vem tentando, sem êxito, negociar.
Como não apresentou
proposta concreta para os servidores, o secretário de Administração e
dos Recursos Humanos, Álber Nóbrega, disse que o Executivo vai
apresentar uma proposta, com o objetivo de buscar o consenso e finalizar
a paralisação, na próxima segunda-feira. A intenção é avançar no
diálogo em busca de um acordo.
Também na audiência de ontem,
idealizada pelo deputado Fernando Mineiro, foram apresentados dados
indicando que do ano passado até agora já são 155 dias de greve contra
apenas 134 de aulas, o que revela o prejuízo à comunidade acadêmica e à
sociedade, já que vários segmentos estão sendo prejudicados com a greve.
A audiência da próxima segunda-feira é uma tentativa de se
chegar a um acordo, já que fracassaram as investidas através da Justiça,
que realizou audiência de conciliação, sem consenso, e negou a ação do
Governo, pedindo a ilegalidade da greve. Para o Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Norte, a paralisação é legal.